Baia de Guanabara

A história da Baía da Guanabara

Em 1° de Janeiro de 1502, quando os exploradores portugueses chegaram aqui, confundiram a Baía com a foz de um rio. Assim surgiu o nome Rio de Janeiro, primeiro dado à Baía e depois ao estado e à sua capital por eles banhados.
Esse erro geográfico foi o primeiro de muitos. Os erros dos "sábios" homens brancos, juntamente com a ganância mataram vários índios (primeiros moradores desse litoral), espécies de animais e vegetais que habitavam essa região.
Hoje em dia, após séculos, os descendentes desses europeus nada aprenderam, só herdaram sua ganância. Causam danos à Baía de Guanabara jogando detritos ou aterrando suas águas. Vários planos de despoluição foram criados, mas nada foi realmente executado.
Em 1990, a Baía ganhou do governo do estado do Rio de Janeiro um projeto de despoluição. Esse projeto queria retirar poluentes e melhorar a vida das pessoas que vivem às margens da Baía. Muito dinheiro foi investido, pois vários órgãos acreditaram nele. Muitos animais que eram comuns na Baía hoje não existem mais nesse local. Alguns têm chances de retornar, como a lagosta que deixou de aparecer quando as areias claras, os corais e os emaranhados de algas começaram a sumir; o cação, hoje ainda encontrado na Baía de Sepetiba, que poderá aparecer se as sardinhas voltarem a desovar na Baía de Guanabara; os golfinhos cinza, que de tão abundantes eram o símbolo do Rio de Janeiro, mas começaram a desaparecer por causa da falta de alimentos fáceis e água limpa. Outros animais jamais voltarão, como as baleias jubarte. Muito comuns na Baía antes da chegada dos portugueses elas eram atraídas para esse local por causa da água limpa e quente e a fartura de alimentos. Hoje, com as águas sujas, elas sumiram para sempre da Baía.
2.2. Um pouco mais sobre a Baía
Muitos municípios circundam a Baía de Guanabara: Duque de Caxias, São Gonçalo, Magé, Guapimirim, Itaboraí, Tanguá e partes dos municípios do Rio de Janeiro, Niterói, Nova Iguaçu, Cachoeiras do Macacu, Rio Bonito e Petrópolis. Deságuam 55 rios na Baía e nela encontram se 82 km2 de áreas de manguezal, sendo que 80% delas estão sob tutela do Ibama.
Seu fundo é coberto por uma camada de dejetos, óleos, produtos químicos, metais pesados e de lama, chegando a alcançar 10 m de espessura. Apenas nos trechos mais profundos o fundo é arenoso.
Através de um canal o mar entra na Baía, renovando as suas águas. A profundidade média da Baía é de 7,6 m, mas em alguns pontos desse canal chega a 50 m de profundidade.
2.3. O problema da Baía: as fontes de poluição
Muitas ações humanas prejudicam o ambiente, e como não podia deixar de ser, isso acontece com a Baía de Guanabara. Com a destruição dos manguezais, os municípios que circundam a Baía, hoje, possuem apenas 82 km2, dos 260 km2 originais. Esse problema causa a diminuição da reprodução de várias espécies aquáticas e intensifica o processo de assoreamento que, gradativamente, reduz a profundidade da Baía. Para criar novas áreas de urbanização o governo já aterrou 30% da superfície da Baía, com isso muitas das 61 ilhas sumiram. Isso mexe na circulação da água e consequentemente na limpeza da Baía. Além disso, danifica a vida aquática. A falta de tratamento dos esgotos sanitários é a principal fonte de poluição da Baía de Guanabara. As redes coletoras são insuficientes e, em áreas mais pobres dos municípios que circundam a Baía, o esgoto corre a céu aberto. Até 1990, a Baía recebia, por dia, cerca de 470 toneladas de esgoto sem tratamento, isso equivale a um estádio do Maracanã. O principal problema desse esgoto é o crescimento acelerado de bactérias provocado pelo excesso de matéria orgânica e nutrientes na água. Elas consomem o oxigênio e inviabilizam a vida de vários animais aquáticos. A deficiência na coleta e a falta de locais adequados para receber o lixo gerado pela população são um dos principais problemas dos municípios em torno da Baía e isso danifica muito o ambiente. Com isso surgem doenças, o solo fica contaminado e as águas, inclusive as subterrâneas, são poluídas. Por dia, esses municípios produzem 13.000 toneladas; 40.000 toneladas não chegam a ser coletadas, sendo jogadas em lugares inapropriados; e 1.000 toneladas são largadas nos rios, mares e lagoas, sem o menor controle.
Nos últimos anos a pesca diminuiu 90% e 53 praias perderam sua "balneabilidade". Como foi publicado no Jornal do Brasil, as garrafas pet se tornaram ameaçadoras por falta de preocupação. Toda vez que chove, elas bloqueiam os rios e sujam muito as praias. As garrafas se juntam ao lixo das embarcações que circulam na Baía. No dia 20 de junho de 2004, uma grande quantidade de lixo atingiu a hélice e travou o motor do aerobarco Flecha de Ipanema, que ficou à deriva por vinte minutos. O passageiro João de Almeida Fernandes, de 69 anos, acabou tendo um enfarte. Esse lixo, que tem como destino o mar, é consequência do desrespeito e do consumo desenfreado da sociedade humana, e também acaba com algumas formas de vida marinha. Para o ambientalista Vilmar Berna "existem serviços de limpeza da prefeitura, mas as pessoas estão sempre arrumando desculpas para não ajudar. Em uma das atividades de limpeza feita por voluntários ambientais na Baía de Guanabara foram encontrados desde sofá, fogão até tampas de refrigerantes. Mas para mim, o desrespeito é o mesmo: tanto de quem joga uma tampinha quanto de quem joga um sofá". O lixo hospitalar, apesar de ser uma pequena quantidade, precisa ter prioridade, pois contém resíduos químicos. Apenas o Rio de Janeiro apresenta um sistema de coleta aceitável desse lixo. Como está escrito no site da Baía, a poluição industrial também é muito importante. Estima se que sete toneladas de óleo são despejadas por dia na Baía, contendo 0,3 toneladas de metais pesados como chumbo, cromo, zinco e mercúrio. Porém, segundo um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro comer peixes da Baía não é muito perigoso, pois a concentração de compostos, como o metilmercúrio nos seres vivos está bem abaixo do limite permitido pela atual legislação brasileira. Isso acontece porque a Baía tem muitos materiais suspensos na água que "diluem" o metilmercúrio. Segundo a pesquisadora Helena do Amaral Kehrig, que analisa há dez anos os animais da Baía: "Quanto ao mercúrio, os organismos não apresentam problemas para a ingestão humana". Segundo Helena, o metilmercúrio se origina a partir de um processo do mercúrio nas águas com muita matéria orgânica e bacterial. Mas é preciso tomar cuidado, pois no ser humano ele pode causar até a morte. As principais indústrias responsáveis pela poluição industrial são as alimentícias e as químicas, principalmente as petroquímicas. Os acidentes ambientais também causam muitos danos a Baía. Ocorre com certa frequência nas refinarias, nos estaleiros e em postos de combustíveis vazamentos de óleo. O último ocorreu em janeiro de 2000, quando 1,3 milhões de toneladas de óleo da Petrobrás vazou na Baía de Guanabara causando danos aos manguezais e às praias.
2.4. PDBG: o projeto do Governo do Estado do Rio de Janeiro para despoluir a Baía
Com base em um trabalho de química sobre a Baía de Guanabara, em 1990, o governo do estado do Rio de Janeiro criou um projeto (na verdade mais voltado para as pessoas do que para o ambiente) para despoluí la, melhorando as condições de vida da população que vive às margens da mesma, retomando a pesca e o banho de algumas praias, e acabando com certas doenças.
O programa de despoluição da Baía de Guanabara (PDBG) visa a modificar o diagnóstico de poluição da Baía retirando poluentes, instalando o mapeamento digital em doze municípios que circundam a Baía com fotos aéreas. Isso daria poder aos governantes locais que poderiam ampliar os investimentos em saneamento básico, beneficiando a vida da população, com o controle das indústrias e o uso do solo. E também melhorando a coleta de lixo, limpando os manguezais, os rios, tratando o esgoto (que muitas vezes é jogado na Baía), implantando redes coletoras de esgoto, construindo estações de tratamento de esgoto, tornando o abastecimento de água melhor, fornecendo veículos para a coleta do lixo, construindo usinas de reciclagem e reservatórios de água, controlando as atividades poluidoras, recuperando áreas ambientais destruídas, fiscalizando 450 indústrias consideradas poluidoras, fazendo com que elas reduzam a carga de poluentes jogada na Baía, fazendo investimentos em áreas importantes ecologicamente, enfim desenvolvendo um programa de educação ambiental e canalizando trechos sujeitos à inundação.
Segundo o site da Baía o programa de despoluição é o maior conjunto de obras de saneamento básico realizado nos últimos vinte anos no Rio de Janeiro. Suas obras irão beneficiar 5 milhões de pessoas. Ele deverá ser dividido em três partes, a um custo aproximado de 3,5 bilhões de dólares. O engenheiro Francisco Filardi, principal executivo da Assessoria de Execução do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (Adeg) e responsável pela coordenação de todas as ações do PDBG, explica que pelo grau de comprometimento da Baía serão necessários de 10 a 15 anos de ações contínuas de redução dos níveis de poluição para a Baía voltar a ter a qualidade das águas da década de 1960.
Esse programa prevê grandes investimentos em saneamento e 94% dos recursos estão concentrados em abastecimento de água, esgotamento sanitário e em coleta e destino de lixo. Os 6% restantes serão investidos em educação ambiental, mapeamento digital e controle das indústrias poluidoras.
2.5. Órgãos envolvidos nesse programa
Como foi dito em um livro sobre o PDBG feito pela Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (Aerj), a primeira parte do programa teve o financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que financiou 350 milhões de dólares; do Overseas Economic Development Fund (OECF), que financiou 237 milhões de dólares; e do Governo do Estado do Rio de Janeiro, que financiou 206 milhões de dólares, dos quais 120 milhões de dólares são de recursos próprios da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). O gráfico abaixo representa essa situação.

Muitos órgãos estão envolvidos nesse processo de despoluição como o Centro de Informações a Dados do Rio de Janeiro (Cide), que teve um investimento de 17 milhões de dólares; a Cedae que teve um investimento de 655 milhões de dólares; a Secretaria Estadual de Saneamento e Recursos Hídricos (SESRH) que teve um investimento 16 milhões de dólares; a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMADS), que teve um investimento de 17,6 milhões de dólares; a Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla), que investiu 12,5 milhões de dólares; a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema); e a Fundação Instituto Estadual de Florestas (IEF).
2.6. O que aconteceu com o programa em 1994
Com base no vídeo sobre o problema da poluição na Baía de Guanabara, há dez anos atrás, se jogava de esgoto por dia na Baía, o correspondente a um estádio da Maracanã. A Cedae, então, recebeu 526 milhões de dólares para tratar do esgoto. Segundo o livro sobre o PDBG, essa foi a primeira fase do programa e o principal objetivo era evitar que a Baía continuasse a receber as cargas de esgotos domésticos a industrial que ao longo do tempo poluíram suas águas. As ações estavam voltadas para a eliminação das principais fontes de poluição da Baía. Para realizar essas ações eles dispunham de 793 milhões de dólares.
2.7. O atual programa de despoluição da Baía e a segunda fase do projeto
O PDBG II tem como objetivos restaurar as condições ambientais dos municípios que circundam a Baía, melhorar as condições de vida dos habitantes desses municípios, reforçar as instituições que têm atividades que afetam positivamente as condições da qualidade ambiental desses municípios. Para essa segunda parte do programa estima se que serão necessários 1.639 milhões de dólares. Em 2004, já foram investidos mais de um bilhão de dólares nesse projeto de despoluição. Apesar disso a situação não mudou muito no que diz respeito ao saneamento básico dos municípios que sobrevivem ao redor da Baía.
O governo do estado do Rio de Janeiro está fazendo cinco novas estações de tratamento de esgoto, entre elas uma das maiores da América Latina, a estação de tratamento de esgoto Alegria, como diz um panfleto sobre essa estação. Essa estação está sendo terminada pela Cedae por intermédio do programa de despoluição da Baía de Guanabara, e quando estiver pronta, o esgoto será primariamente tratado para depois ser jogado na Baía, beneficiando 1,5 milhão de habitantes. O PDBG investiu no total 138,631 milhões dólares, no Sistema Alegria. Outra obra realizada pela Cedae, por meio do programa de despoluição, é o Sistema Marina da Glória, onde será construído um sistema para capturar o esgoto do Centro da cidade, que depois será despejado em um local que não permita que ele volte para a orla. A população beneficiada é de 250 mil habitantes, e o investimento nesse sistema é cerca de 4,5 milhões de dólares. O programa de despoluição da Baía está melhorando o Sistema de Abastecimento de Água no município de São Gonçalo.
Várias obras estão sendo realizadas, além do monitoramento e controle dos reservatórios de água de São Gonçalo e Niterói. O investimento total dessas obras é de cerca de 30 milhões de dólares, e 297 mil habitantes serão beneficiados. Na Ilha do Governador o PDBG também está atuando para acabar com o lançamento de esgoto em diversos pontos. Foram investidos no total 39 milhões de dólares. O PDBC está sendo criando um laboratório na estação de tratamento de água do Guandu, com equipamentos de última geração para controlar a qualidade da água. Foram investidos nesse laboratório 950 mil reais.
2.8. O Conselho Gestor da Baía
Esse conselho tem como função básica promover a participação integrada dos governos municipal, estadual e federal, dos principais usuários da Baía e das instituições de ensino e pesquisa. Ele tem como objetivo disciplinar o uso dos recursos da Baía e recuperar o seu ecossistema. O conselho possui diversos órgãos de apoio como: Feema, Serla, IEF, Cide e Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
3. Conclusão
3.1. O que se pode concluir disso tudo?
Como foi dito no trabalho de química sobre a Baía, de 1994, a poluição da Baía de Guanabara era grande, e muito dinheiro recolhido para o projeto de despoluição foi extraviado. Porém, hoje a situação está sendo levada mais a sério. Mesmo assim, a poluição aumentou por causa do aumento da industrialização, do assoreamento de mais áreas da Baía, do turismo e da urbanização. Para Francisco Filardi, principal executivo da Adeg e responsável pelas ações da mesma, o sucesso do programa de despoluição da Baía depende da continuidade das ações, que não podem ser interrompidas, como foi dito em um livro sobre o PDBG feito pela Aerj. Outro fator muito importante é reeducar as pessoas para que não sujem, novamente, a Baía. Tratar o esgoto também é muito importante, pois sem ele a Baía ficará menos poluída.
3.2. As alternativas
Segundo o Instituto Ecológico Aqualung a reciclagem é a forma mais racional de acabar com os resíduos, pois o material descartado volta para o ciclo de produção, e assim os aterros sanitários não ficam superlotados. A reutilização pode ser um bom negócio na medida em que se poupa dinheiro -quando se usa o verso de um papel já escrito menos árvores são derrubadas, ou quando se reaproveita um plástico, poupa se petróleo. O povo e os governantes têm que dar mais valor à Baía, pois além dela ser muito bonita, tudo o que fizerem para ela afetará a população toda, já que muitos dependem dela para trabalhar a se alimentar. O que não pode acontecer é a população perder todo esse encanto que a Baía tem. Como o indígena Chefe Seatlle ensinou para o homem branco "O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida, ele é, simplesmente, um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo". Muitos poemas tentam denunciar os problemas da Baía como um de Jorge Ferreira, "Mangue: Alma Viva", em que ele diz "Houve tempo em que a Baía era de mangues rodeada, havia muito mais ilhas, mais praias, mais enseadas, havia muito mais peixes (...)". Em outro verso ele trata de outro problema "Jogaram lixo nas águas, esgotos, mil porcarias (...)". No poema Jorge Ferreira fala do desmatamento "Outro grande inimigo do manguezal é o machado". Além de tratar dos assuntos que poluem a Baía, Jorge também dá uma ideia de como despoluir a Baía ao dizer "O esforço necessário não é nenhum exagero. Diz um ditado antigo, porém muito verdadeiro: varrendo a porta de casa, limpamos o mundo inteiro". As pessoas deveriam seguir esse ditado e começar a mudar pequenas coisas no seu dia-a-dia. As atividades humanas precisam ser planejadas de modo que não se corra o risco de acabar com aquilo que já foi abundante. Até tudo isso acontecer, aproveite para apreciar a Baía de Guanabara enquanto ela não for completamente destruída pelo homem ".
Referências :
Trabalho acadêmico apresentado ao Colégio São Vicente de Paulo como requisito parcial para a obtenção do grau de conclusão do Ensino Fundamental, sob orientação de Isabella Faria Vaz e Alves
Fonte: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/suavoz/0042.html