Alexander Calder

Alexander Calder

Influenciado pelas atividades artísticas do pai, escultor, e da mãe, pintora, Alexander Calder manifesta seu talento artístico já na construção de seus brinquedos de infância, mas, na sua juventude, não demonstra interesse em tornar-se um artista. Estuda engenharia mecânica no Stevens Institute of Technology, graduando-se em 1919.
Calder aproxima-se do universo artístico somente a partir de 1923, participando da Art Student's League ao se transferir para Nova York. Realiza ilustrações para jornais e pinta cenas de circo para o Ringling Brothers and Barnum & Baileys Circus, em 1925. De sua proximidade com o mundo circense, e fascinado pelos malabaristas, trapezistas, domadores e palhaços começa a produzir pequenas figuras e animais em diversos materiais, como arame e madeira. Mas é na agitação cultural de Paris que, a partir de 1926, nasce para Calder a ideia de criar seu Cirque Calder. Com pequenas figuras de arame, seus personagens lúdicos evoluem acompanhados de música e efeitos de som. Calder realiza suas performances bem-humoradas, apresentando-se aos amigos e nos círculos artísticos de Montparnasse, onde conhece artistas como JOAN MIRÓ, FERNAND LÉGER, entre outros.
Por sugestão do artista Clay Spohn, Calder passa a utilizar o arame como um meio para realizar esculturas lineares sem volume, sem massa, delineando de modo inventivo e irreverente figuras como a da cantora Josephine Baker (Museu Nacional de Arte Moderna de Paris). Calder articula com tal liberdade os fios de arame, que suas formas deixam de ser somente silhuetas e tornam-se construções tridimensionais. Sua primeira exposição acontece na Weyhe Gallery em Nova York, em 1928, e no mesmo ano expõe no influente Salão
dos Independentes em Paris obras como Romulus and Remus (Museu Guggenheim de Nova York), que atraem a atenção tanto do público quanto da crítica, pela espontaneidade com que a linha constrói os detalhes das figuras, exigindo uma visão lúdica do observador. Experimenta também, neste momento, esculpir em madeira e modelar em argila formas animais sintetizadas, mas são os desenhos-retratos em arame de seus amigos artistas como Léger e
Miró que roubam a cena em sua exposição na galeria Percier de Paris, em 1931.
A década de 1930 inicia-se com forte influência da pintura abstrata de Mondrian. Calder realiza pinturas que denotam apreensão por um domínio da linguagem plástica em planos de cor severamente justapostos. É convidado a participar da exposição do grupo Abstração-Criação, na qual realiza sua performance com o Cirque Calder. Nesse momento, Calder demonstra-se interessado não mais em forçar a credibilidade do observador em suas formas virtuais, e sim em criar com seus elementos estruturas dinâmicas de acordo com uma linguagem abstrata mais apurada. Toma forma, em 1931, sua primeira escultura cinética, e nos meses seguintes introduz o motor elétrico para gerar o movimento contínuo em suas construções. Em visita ao seu ateliê, Marcel Duchamp sugere o termo móbile para definir suas esculturas motorizadas e, em contraponto, Jean Arp sugere "stabile" para suas construções estáticas.
Em Roxbury, Connecticut, Calder instala-se em seu novo ateliê, onde
cria com linhas, planos, círculos e esferas os personagens de uma
geometria de um outro universo, os quais gravitam em uma combinação de movimentos sutis, num jogo de equilíbrios entre pesos e contrapesos que se prolongam por hastes suspensas. Suas obras nos remetem às formas biomórficas de MIRÓ e Arp, como em sua série Constellations, acentuando o caráter lúdico de seus seres interligados em galáxias imaginárias, aproximando Calder de uma estética surrealista, que será reafirmada com sua proximidade aos artistas surrealistas emigrados nos Estados Unidos, no período da II Guerra Mundial, como Yves Tanguy e André Masson.
Durante as duas últimas décadas de sua produção, já com renome internacional, Calder dedica-se à realização de obras monumentais em aço, atendendo às inúmeras encomendas que recebe para locais específicos como museus, praças, edifícios públicos e aeroportos, tornando sua criação uma referência.
As invenções que Alexander Calder realiza a partir de 1931 são definidas como móbiles por Marcel Duchamp, pelo movimento intrínseco de seus elementos acionado por um motor. A cada nova composição há possibilidades de um outro tipo de movimento, autônomo, proporcionado pelas pequenas formas que o artista cuidadosamente cria, recortando chapas metálicas e dispondo-as calculadamente nas pontas de suas hastes interligadas. Suspensas no
espaço, o agente gerador do movimento é agora a corrente de ar ou o sopro do espectador.
A partir de 1937, Calder cria, paralelamente aos seus móbiles, figuras biomórficas derivadas de formas surrealistas, como em Joan Miró e Jean Arp, recortadas em chapas metálicas e montadas, desafiando também seus pesos pela aparência leve e pelo apoio sutil de suas partes ao chão. São seus stabiles, que nos remetem a figuras vivas por causa dos títulos que o artista lhes confere: Baleia, Grande Pássaro etc.
Móbile Amarelo, Preto, Vermelho e Branco, sem datação precisa, faz parte da série de obras realizadas a partir da década de 1940, quando o artista magistralmente mantém a sutileza de suas composições eólicas apoiadas em suas bases, como em seus stabiles, reinventando seres lúdicos e sublimes de uma natureza profundamente pacífica. Seres que constantemente nos convidam a uma relação poética entre a nossa realidade e a criatividade explícita da arte de Calder. Neste Móbile, um platô amarelo abre-se à passagem de três hastes que se alongam, sustentando seus elementos em negro e vermelho, em balanço com as formas situadas no plano inferior. O equilíbrio da composição instiga o observador a
compreender o processo criativo de Calder.
Do mesmo modo, Grande Móbile Branco, de 1948 – sua outra obra pertencente ao acervo - suspenso no espaço do museu, paira no ar como plumas sopradas, dialogando com obras como a escultura Unidade Tripartida de MAX BILL e a pintura Composição Clara de WASSILY KANDINSKY, sobre a magia da criação espacial.

Fonte:ficha 09 Alexander Calder.p65 –Mac-usp
www.macvirtual.usp.br/mac/templates/projetos/roteiro/...

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